quarta-feira, 5 de julho de 2017

RESENHA: Nossas noites

Em Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias. Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora surpreso com a iniciativa, Louis aceita o convite. Os vizinhos, no entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia. Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os pequenos prazeres da vida que pode surpreender e ganhar um novo sentido mesmo quando parece ser tarde demais. 

De cara o que me deixou interessada no livro foi a faixa etária dos protagonistas. Não fiz muitas leituras onde pessoas idosas são o foco, geralmente quando eles são os narradores é para falar sobre a própria juventude, então a história se focar nessa fase da vida de Addie e Louis já me agradou.

A narrativa não é cheia de floreios. A maioria dos acontecimentos são simples, diretos, sem nenhum ornamento. E por ser assim é que eu me via bastante ligada ao dia a dia de Addie e Louis. São pessoas com defeitos e qualidades, erros e acertos, além de uma bagagem emocional mais profunda do que cada um deixava transparecer para a sociedade. 

Suas conversas são sinceras e cheias de reflexão sobre as próprias atitudes. Nelas percebemos a ligação entre eles e os filhos e, posteriormente, o neto, como foram seus casamentos, como estava sendo envelhecer. Difícil não sentir empatia e não torcer pelos dois.

Engraçado como a felicidade e escolhas de duas pessoas podem incomodar tanta gente mesmo que não faça mal nem interfira no cotidiano dos outros. Vim de uma cidade do interior e entendi perfeitamente como os dois se sentiam em relação a curiosidade dos habitantes de Holt. Na verdade. não era somente curiosidade, era também preconceito, ignorância. E, em quantidades menos visíveis, admiração. Também foi triste ver como o julgamento alheio tem poder sobre a vida de ambos.

É um livro curto, mas que trás a tona a solidão e a necessidade de segundas chances, onde o menor dos prazeres pode ser difícil de se obter e onde escolhas precisam ser feitas para que o mais importante fique. Uma leitura rápida, sensível e delicada que me agradou muito. 

*O livro foi cortesia da Companhia das Letras.

Sobre o livro:
ISBN: 9788535928662 
Autor: Kent Haruf 
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 160

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