segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

RESENHA: O dia da morte de Denton Little

O que você faria se só lhe restasse um dia?
Denton Little sabe que dia vai morrer. É uma triste prerrogativa oferecida pelo governo: sempre que uma criança nasce, uma série de cálculos e exames é aplicada para definir o dia exato em que ela vai morrer. O dia de Denton é amanhã.
O jovem de dezessete anos tinha um plano bem definido para seus últimos momentos: um café da manhã com muito bacon, uma corridinha para espairecer, uma maratona de filmes com o melhor amigo e finalmente perder a virgindade com a namorada. Só que nada sai como o esperado. Na véspera de sua morte, Denton acorda numa cama que não é a sua e com uma garota que não é a sua namorada. E esse foi só o começo dos acontecimentos bizarros e surpreendentes. Até seu último adeus, ele ainda terá que enfrentar crises de ciúme, triângulos amorosos, ressacas monumentais, manchas estranhas se espalhando pelo corpo e revelações surpreendentes sobre sua mãe, já morta. 
Divertido, sarcástico e sensível, O dia da morte de Denton Little é uma história sobre amor, morte, amizade, escolhas e, principalmente, sobre encontrar respostas para perguntas que nem imaginávamos que nos faríamos um dia. 

A premissa do livro já é interessante por si só: imagina saber que dia vai morrer desde criança? Na sociedade que Denton vive isso é normal, e tem todo um ritual para marcar esta data: velório com a presença do futuro morto, festa de despedida, vigília para esperar sua morte... Difícil imaginar algo assim, não é mesmo?

A abordagem escolhida pelo autor também é um fator que diferencia e torna o livro melhor, principalmente ao optar por falar sobre morte de uma forma não politicamente correta, e cheia de humor negro, mas que ainda sim nos leva a refletir sobre o que realmente é importante e o quanto deixamos de fazer pensando que sempre há tempo. Mas o maior questionamento é se ter conhecimento prévio do dia que sua vida terá fim muda ou não sua forma de viver e sua própria personalidade: deixaríamos de tomar determinadas decisões, fazer certas escolhas, só porque teremos uma vida curta? Será que seríamos mais sinceros?

Os personagens são o seu maior atrativo depois do enredo e foi difícil não gostar do Paolo com sua animação e falta de noção. É um melhor amigo típico para um garoto como o Denton. Verônica para mim foi uma das mais sinceras, assim como Millie. Eu não gostei da namorada dele, mas ela tem seu papel na trama e passei muita raiva com o Sr. Little, tanta coisa importante para se dizer e, mesmo assim, não consegue falar de forma adequada.

Gosto muito de narrativas onde podemos ter diálogos sarcásticos e humor diferente do usual, mas me incomodou um pouco as diversas cenas cômicas, acho que o ritmo de leitura teria sido melhor se ela não fossem tão recorrentes. Creio que o livro ficaria mais dinâmico e curto, ou, pelo menos, daria mais espaço para passagens bem interessantes como a personalidade do pai do Denton, as descobertas dele sobre a mãe, seu relacionamento com o irmão...

Claro que essa impressão não desmerece o livro: a ideia, o desenvolvimento, as situações inusitadas que fazem do último dia de Denton o dia mais agitado de sua vida são bem trabalhadas e o autor não deixa nenhuma ponta solta, só aquelas necessárias para a continuação do livro. É uma surpresa atrás da outra e quando imaginamos que mais nada pode mudar, outro acontecimento surge e, ao final, estamos bobos por não ter pensando em um desfecho assim. 

Sobre o livro:
ISBN:  9788580579604
Autor: Lance Rubin
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Páginas: 336


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