segunda-feira, 26 de setembro de 2016

RESENHA: Belgravia

Ambientada nos anos 1840, quando os altos escalões da sociedade londrina começam a conviver com a classe industrial emergente, e com um riquíssimo rol de personagens, a saga de Belgravia tem início na véspera da Batalha de Waterloo, em junho de 1815, no lendário baile oferecido em Bruxelas pela duquesa de Richmond em homenagem ao duque de Wellington.
Pouco antes de uma da manhã, os convidados são surpreendidos pela notícia de que Napoleão invadiu o país. O duque de Wellington precisa partir imediatamente com suas tropas. Muitos morrerão no campo de batalha ainda vestidos com os uniformes de gala.
No baile estão James e Anne Trenchard, um casal que fez fortuna com o comércio. Sua bela filha, Sophia, encanta os olhos de Edmund Bellasis, o herdeiro de uma das famílias mais proeminentes da Bretanha. Um único acontecimento nessa noite afetará drasticamente a vida de todos os envolvidos. Passados vinte e cinco anos, quando as duas famílias estão instaladas no recente bairro de Belgravia, as consequências daquele terrível episódio ainda são marcantes, e ficarão cada vez mais enredadas na intrincada teia de fofocas e intrigas que fervilham no interior das mansões da Belgrave Square.

Romance histórico sempre me empolga. Gosto das descrições da sociedade, de como certos eventos eram importantes, como era a dinâmica das classes sociais e jogo de poder e, claro, adoro quando tem personagens que ignoram as convenções sociais e põe o amor em primeiro lugar. Afinal, dessas decisões sempre saem grandes segredos e ótimas intrigas.

A construção de personagens foi um dos pontos fortes. Temos as aspirações sociais de James, o rancor e a inveja de Oliver, a aparente frieza da mãe de Edmund, a cobiça de Jonh, a determinação de Charles construídas de forma crível e bem dosada. Nenhum personagem é perfeito, todos tem suas falhas e seus erros. A Anne foi a minha preferida, pois parecia enxergar de forma mais objetiva e realista as situações e o posicionamento da própria família dentro da sociedade. Não era dada a sonhar com uma posição grandiosa socialmente e parecia se ressentir dos desejos do marido neste sentido. 

Um dos aspectos mais interessantes do livro são os vários pontos de vista abordados. A narrativa dos personagens principais divide seu espaço com personagens secundários que tem sua importância dentro da história, sejam eles das classes mais elevadas ou empregados. Dentro de suas narrativas acompanhamos sua esperança, seus sonhos, rancores, os preconceitos enraizados, a fidelidade e a falta dela perante a família e patrões. 

Meu único incômodo com o livro foi seu capítulo final. O autor veio trabalhando todos os aspectos do segredo dos Trenchard e quando pensei que veria o impacto que a notícia causaria a um determinado personagem, o autor não se aprofundou na questão. É como se ele quisesse terminar o livro logo, e isso me chateou. Não é nada que me faça desgostar do livro, só gostaria de ter observado melhor os sentimentos da peça central do segredo, afinal ninguém receberia essa notícia sem algum espanto. 

Não conhecia o autor e, apesar do incômodo já citado, me vi muito animada com sua narrativa e seu ritmo. Ele conseguiu me deixar sempre curiosa e ansiosa pelos desdobramentos da trama , principalmente na parte final do livro. Com certeza vou procurar ler mais livros do autor. 

Sobre o livro:
ISBN: 9788551000076 
Autor: Julian Fellowes
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Páginas: 430


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