domingo, 10 de janeiro de 2016

RESENHA: Miniaturista

Em 1686, a jovem Nella Oortman se casa com Johannes Brandt, um bem-sucedido mercador de Amsterdã, e se muda do interior da Holanda para a cidade grande. Nella acredita que o casamento com um homem rico e poderoso irá lhe proporcionar uma vida repleta de glamour e felicidade, no entanto, não é o que ela encontra quando chega à nova casa: por causa das viagens a trabalho, Johannes não é dos maridos mais atenciosos e Marin, sua irmã, se encarrega de controlar cada aspecto do lar e da família Brandt, revelando-se extremamente opressiva e dominadora. 

Para agradar a nova esposa, Johannes a presenteia com uma miniatura da casa em que moram e, logo, Nella encontra um miniaturista para confeccionar algumas peças. No entanto, tudo começa a mudar quando o miniaturista passa a enviar obras que nunca foram pedidas, mas que não apenas refletem a realidade, como parecem anunciar futuras tragédias.

Encantador, belo e repleto de mistérios, Miniaturista é uma magnífica história de amor e obsessão, traição e vingança, aparência e verdade.

Demorou um pouco para a história me ganhar. O comportamento dos personagens e seus segredos intrigavam, mas inicialmente não despertavam muito a minha curiosidade. A medida que Nella começa a perceber como a casa em miniatura parece mostrar o que se passa em sua própria vida, tudo começou a ficar mais interessante.

O relacionamento entre os habitantes da casa é um dos grandes destaques. Parece que todos se protegem e acobertam e Nella é a única que não compartilha desta comunhão. Ser aceita na casa dos Brandt parecia impossível para ela e o tratamento dispensado por sua cunhada, Marin, e os empregados criavam uma barreira que a deixavam cada vez mais sozinha. A interação entre ela e Juhannes era a única que me animava. Era engraçado como eles transpareciam, depois de um tempo, uma amizade bastante profunda por mais que certas passagens pudessem abalar qualquer tipo de relacionamento que eles poderiam desenvolver.

É um livro cheio de surpresas com personagens que são muito mais do que transparecem e que tem uma carga dramática bem grande. Não consegui me apegar a nenhum deles, mas entendia muito as atitudes da Nella e seu amadurecimento é visível e bem trabalhado: desde a jovem insegura e um tanto submissa a uma mulher que precisou, em pouco tempo, ter as atitudes mais corajosas.

O livro contém também críticas a sociedade da época e a hipocrisia que permeava todas as classes sociais, assim como destacava a forma que a religião guiava as decisões e mascarava a verdadeira índole de muitas pessoas. Sempre sou a favor de histórias que mostrem diversos lados da sociedade e neste quesito o livro não me decepcionou, principalmente quando Juhannes falava sobre o assunto. 

O que me incomodou foi a forma que terminou. Não os acontecimentos em si, mas a aparente falta de conclusão. Não sei se pode ser contado como um ponto ruim de forma geral, mas pessoalmente fiquei com aquela sensação de que algo estava faltando ou que eu não tinha entendido tudo que o livro quis passar. Também criei uma expectativa grande sobre a miniaturista, mas que não se cumpriu: explicações foram dadas, só não corresponderam ao que imaginava.

A escrita da autora condiz bastante com o desenvolvimento da história e me deixou receosa no começo, mas bem empolgada conforme ia chegando a metade do livro e permaneci assim até o final. Embora não tenha me agradado como ela concluiu, tenho certeza que muita gente vai entender e gostar bastante da história.

Sobre o livro:
ISBN: 9788580578164
Autora: Jessie Burton
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 352

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